Campeão infeliz: os bastidores da era Cuca no Flamengo
Confira detalhes exclusivos dos problemas que o treinador enfrentou na Gávea
Eduardo Peixoto
Rio de Janeiro
Cuca durante a entrevista da sua demissão
Pode parecer cena do jardim de infância. Mas não é, e aconteceu
no auditório da Gávea, em abril. Enquanto os jogadores do Flamengo, sob a
liderança do então capitão Fábio Luciano, tinham uma reunião
interna, o auxiliar e irmão de Cuca, Dirceo Stival, o Cuquinha,
posicionou-se na entrada e colocou o ouvido atrás da porta para
saber o conteúdo do encontro. Temia que estivessem tramando
contra a comissão técnica. Não estavam e muitos sequer sabem que
foram espionados.
A cena fez parte da redoma de desconfiança que o
treinador criou desde que chegou ao clube, em dezembro. A bola
de neve cresceu e transformou-se em um emaranhado de problemas
que o afastou cada vez mais do elenco e terminou com a demissão
dele, na tarde de quinta-feira.
Para muitos, a saída de Cuca é a vitória do
antiprofissionalismo sobre um treinador empenhado em mudar o
panorama reinante na Gávea. Talvez seja. Para a maioria dos
jogadores e de quem conviveu com ele no período, no entanto, a
história tem um outro lado.
Ao longo dos mais de sete meses de convivência, o
GLOBOESPORTE.COM coletou histórias dos bastidores que revelaram
o ambiente hostil que dominou o clube mais popular do país. Os
personagens só autorizaram a publicação após a saída do
treinador para evitar mal-estar.
- Infelizmente, já conhecia o Cuca de 2005 e a experiência não
tinha sido das melhores. Ele é difícil de lidar, alterna muito o
humor. A saída demorou até demais. Não havia clima - disse uma
das fontes.
O primeiro tiro pela culatra foi dado logo no
primeiro mês. Sentado no hall do hotel em que a delegação
estava, em Volta Redonda, ele detonou o grupo que acabara de
conhecer:
- Não sei como consegui perder dois títulos
estaduais com o Botafogo para esse time.
Era a forma que encontrou para se defender de um possível
fracasso no Estadual. Porém, o mesmo elenco, três meses depois,
garantiu a Cuca o único título expressivo de sua carreira.
Mas até o tricampeonato carioca, aquele que seria o momento mais
feliz da relação, diversas minicrises foram instaladas e
resolvidas. O técnico dizia para quem quisesse ouvir que os
jogadores não se empenhavam nos treinamentos.
Os métodos de trabalho do preparador físico Riva Carli provocaram
problemas. Na pré-temporada, havia lamentos sem pudor sobre a
saída de Ronaldo Torres, profissional que trabalhava com Joel
Santana. Em um dos episódios públicos, Juan ofendeu Riva diante
da câmera do GLOBOESPORTE.COM reclamando do seu programa de treino.
A forma física de Obina, que posteriormente foi emprestado ao
Palmeiras, sempre trouxe comentários desabonadores ao atacante.
Em um deles, o comandante lamentou com Ronaldo Angelim:
- Essa barriga não é só de quem come muito. É de
cachaça.
Antes de virar as costas e sair, o zagueiro
afirmou:
- O Obina não bebe.
Ibson ameaçou abandonar final
Por mais que estivesse inconformado com algumas
atitudes de descompromisso do grupo, o treinador escolheu uma
forma perigosa de se esquivar e passou a criticar quase todos os
jogadores. Por trás. Léo Moura recebeu a alcunha de lateral mais
preguiçoso do Brasil. Nem mesmo o capitão Fabio Luciano
escapava. Mas os dois nunca bateram de frente. O capitão, apesar
de descontente com o que ouvia por terceiros, sempre tentou
apaziguar o ambiente ruim. Mas os comentários não cessaram. Um
dia, ao olhar Josiel em um treino, o técnico disse:
- É dose escalá-lo.
Um dos episódios de maior tensão aconteceu na
final da Taça Rio contra o Botafogo. No jogo em questão, Cuca
passou todo o primeiro tempo cobrando mais empenho do camisa 7,
a quem chamava de "mimado", e gritando sem parar:
- Volta Ibson, marca Ibson. Se não fizer isso vou
te tirar.
Na saída para o intervalo, o apoiador estava
transtornado e reagiu:
- Você não pode falar assim comigo. Sou homem e te
respeito.
A discussão se estendeu até o vestiário. Ibson
trocou de roupa para ir embora e foi convencido por companheiros
e dirigentes a rever sua posição e voltar ao campo. O título
abafou a crise.
Cuca no empate do Fla sobre o Barueri
Malvisto por quase todos os atletas, Cuca encontrou nas divisões
de base uma saída para seus problemas. Além de ver mais
facilidade para dar ordens aos jovens, o ex-técnico queria
promover uma reformulação. Ele via o grupo impregnado por
"panelas" e uma superproteção a jogadores em quem não
confiava, como Jônatas.
- No meio do ano a gente vai se livrar do Léo
Moura, Juan, Fabio Luciano, Kleberson e Ibson, e aí nosso futuro
serão os jovens. O Flamengo precisa passar por isso – dizia
pelos cantos.
O amor pelos garotos durou até a primeira falha e
novamente a língua o traiu. Após a atuação ruim de Welinton,
contra o Cruzeiro, a metralhadora do técnico voltou a girar.
- Ele nunca vai ser bom porque é burro.
Inteligência não se aprende – disse, durante um treino.
O Imperador
Por incrível que pareça, Adriano, um dos principais alvos do
treinador, jamais tramou contra ele. De personalidade tranquila,
o Imperador dava de ombros para as ameaças que recebeu.
- Se ele não se enquadrar, vou dentro dele. Não
vai me sacanear – disse Cuca, depois de o jogador não comparecer
a um treino.
Mas a relação entre os dois se complicou na
véspera da partida contra o São Paulo. Ao contrário de todos os
dias, quando os treinos não começam enquanto todos os jogadores
não estão em campo, o técnico fez questão de iniciar logo a
atividade. O Imperador viu aquilo como uma forma de expor que
ele chegou atrasado. Coube a Cuquinha contemporizar a situação.
A cobrança do grupo
Aos poucos, os comentários chegaram aos ouvidos
dos jogadores, que passaram a chamá-lo de traíra (na gíria
boleira, o termo refere-se a uma pessoa que fala bem na frente,
mas pelas costas detona). Na reunião que aconteceu em
Teresópolis, em junho, o capitão Bruno abriu o jogo e externou
essa situação:
Cuca durante treino do Fla. Relacionamento com os
jogadores não era bom
- Cuca, estamos sabendo que você anda falando muitas coisas pelas
costas.
Emocionado, o treinador se defendeu. Acreditou que
estava tudo encerrado e os jogadores voltariam a confiar nele.
Mas já era tarde.
- Posso garantir que quase ninguém gostava dele.
Até o Angelim e o Juan, que não costumam reclamar de técnico
algum, tinham um pé atrás com o Cuca. Ele se complicou muito –
disse um jogador, que pediu para não se identificar.
No último dia, Adriano pediu a palavra na reunião para criticar
as ações do treinador. Em vez de emoção e lamentos na despedida,
a indiferença predominou. Os jogadores não o abraçaram. Apenas
acenaram de longe e encerraram uma relação de aparências.
REALMENTE PROVAS QUE TEM MUITA COISA QUE SE TEM DEBAIXO DOS PANOS... TRISTE VER UM CLUBE GRANDE ASSIM E QUE INFELIZMENTE EXISTA TREINADORES DESTE GEITO... E OLHA QUE O CARA NEM ERA EXPLOSIVO COMO BERNARDINHO, MAS QUE SE NUNCA SE OUVE FALAR EM COISAS DESTE TIPO, PELO CONTRÁRIO ELE MOSTRA DENTRO DA QUADRA TRAZENDO TÍTULO, JÁ O CUCA, UM MÍSERO TÍTULO...!!!!!!!!
Confira detalhes exclusivos dos problemas que o treinador enfrentou na Gávea
Eduardo Peixoto
Rio de Janeiro
Cuca durante a entrevista da sua demissão
Pode parecer cena do jardim de infância. Mas não é, e aconteceu
no auditório da Gávea, em abril. Enquanto os jogadores do Flamengo, sob a
liderança do então capitão Fábio Luciano, tinham uma reunião
interna, o auxiliar e irmão de Cuca, Dirceo Stival, o Cuquinha,
posicionou-se na entrada e colocou o ouvido atrás da porta para
saber o conteúdo do encontro. Temia que estivessem tramando
contra a comissão técnica. Não estavam e muitos sequer sabem que
foram espionados.
A cena fez parte da redoma de desconfiança que o
treinador criou desde que chegou ao clube, em dezembro. A bola
de neve cresceu e transformou-se em um emaranhado de problemas
que o afastou cada vez mais do elenco e terminou com a demissão
dele, na tarde de quinta-feira.
Para muitos, a saída de Cuca é a vitória do
antiprofissionalismo sobre um treinador empenhado em mudar o
panorama reinante na Gávea. Talvez seja. Para a maioria dos
jogadores e de quem conviveu com ele no período, no entanto, a
história tem um outro lado.
Ao longo dos mais de sete meses de convivência, o
GLOBOESPORTE.COM coletou histórias dos bastidores que revelaram
o ambiente hostil que dominou o clube mais popular do país. Os
personagens só autorizaram a publicação após a saída do
treinador para evitar mal-estar.
- Infelizmente, já conhecia o Cuca de 2005 e a experiência não
tinha sido das melhores. Ele é difícil de lidar, alterna muito o
humor. A saída demorou até demais. Não havia clima - disse uma
das fontes.
O primeiro tiro pela culatra foi dado logo no
primeiro mês. Sentado no hall do hotel em que a delegação
estava, em Volta Redonda, ele detonou o grupo que acabara de
conhecer:
- Não sei como consegui perder dois títulos
estaduais com o Botafogo para esse time.
Era a forma que encontrou para se defender de um possível
fracasso no Estadual. Porém, o mesmo elenco, três meses depois,
garantiu a Cuca o único título expressivo de sua carreira.
Mas até o tricampeonato carioca, aquele que seria o momento mais
feliz da relação, diversas minicrises foram instaladas e
resolvidas. O técnico dizia para quem quisesse ouvir que os
jogadores não se empenhavam nos treinamentos.
Os métodos de trabalho do preparador físico Riva Carli provocaram
problemas. Na pré-temporada, havia lamentos sem pudor sobre a
saída de Ronaldo Torres, profissional que trabalhava com Joel
Santana. Em um dos episódios públicos, Juan ofendeu Riva diante
da câmera do GLOBOESPORTE.COM reclamando do seu programa de treino.
A forma física de Obina, que posteriormente foi emprestado ao
Palmeiras, sempre trouxe comentários desabonadores ao atacante.
Em um deles, o comandante lamentou com Ronaldo Angelim:
- Essa barriga não é só de quem come muito. É de
cachaça.
Antes de virar as costas e sair, o zagueiro
afirmou:
- O Obina não bebe.
Ibson ameaçou abandonar final
Por mais que estivesse inconformado com algumas
atitudes de descompromisso do grupo, o treinador escolheu uma
forma perigosa de se esquivar e passou a criticar quase todos os
jogadores. Por trás. Léo Moura recebeu a alcunha de lateral mais
preguiçoso do Brasil. Nem mesmo o capitão Fabio Luciano
escapava. Mas os dois nunca bateram de frente. O capitão, apesar
de descontente com o que ouvia por terceiros, sempre tentou
apaziguar o ambiente ruim. Mas os comentários não cessaram. Um
dia, ao olhar Josiel em um treino, o técnico disse:
- É dose escalá-lo.
Um dos episódios de maior tensão aconteceu na
final da Taça Rio contra o Botafogo. No jogo em questão, Cuca
passou todo o primeiro tempo cobrando mais empenho do camisa 7,
a quem chamava de "mimado", e gritando sem parar:
- Volta Ibson, marca Ibson. Se não fizer isso vou
te tirar.
Na saída para o intervalo, o apoiador estava
transtornado e reagiu:
- Você não pode falar assim comigo. Sou homem e te
respeito.
A discussão se estendeu até o vestiário. Ibson
trocou de roupa para ir embora e foi convencido por companheiros
e dirigentes a rever sua posição e voltar ao campo. O título
abafou a crise.
Cuca no empate do Fla sobre o Barueri
Malvisto por quase todos os atletas, Cuca encontrou nas divisões
de base uma saída para seus problemas. Além de ver mais
facilidade para dar ordens aos jovens, o ex-técnico queria
promover uma reformulação. Ele via o grupo impregnado por
"panelas" e uma superproteção a jogadores em quem não
confiava, como Jônatas.
- No meio do ano a gente vai se livrar do Léo
Moura, Juan, Fabio Luciano, Kleberson e Ibson, e aí nosso futuro
serão os jovens. O Flamengo precisa passar por isso – dizia
pelos cantos.
O amor pelos garotos durou até a primeira falha e
novamente a língua o traiu. Após a atuação ruim de Welinton,
contra o Cruzeiro, a metralhadora do técnico voltou a girar.
- Ele nunca vai ser bom porque é burro.
Inteligência não se aprende – disse, durante um treino.
O Imperador
Por incrível que pareça, Adriano, um dos principais alvos do
treinador, jamais tramou contra ele. De personalidade tranquila,
o Imperador dava de ombros para as ameaças que recebeu.
- Se ele não se enquadrar, vou dentro dele. Não
vai me sacanear – disse Cuca, depois de o jogador não comparecer
a um treino.
Mas a relação entre os dois se complicou na
véspera da partida contra o São Paulo. Ao contrário de todos os
dias, quando os treinos não começam enquanto todos os jogadores
não estão em campo, o técnico fez questão de iniciar logo a
atividade. O Imperador viu aquilo como uma forma de expor que
ele chegou atrasado. Coube a Cuquinha contemporizar a situação.
A cobrança do grupo
Aos poucos, os comentários chegaram aos ouvidos
dos jogadores, que passaram a chamá-lo de traíra (na gíria
boleira, o termo refere-se a uma pessoa que fala bem na frente,
mas pelas costas detona). Na reunião que aconteceu em
Teresópolis, em junho, o capitão Bruno abriu o jogo e externou
essa situação:
Cuca durante treino do Fla. Relacionamento com os
jogadores não era bom
- Cuca, estamos sabendo que você anda falando muitas coisas pelas
costas.
Emocionado, o treinador se defendeu. Acreditou que
estava tudo encerrado e os jogadores voltariam a confiar nele.
Mas já era tarde.
- Posso garantir que quase ninguém gostava dele.
Até o Angelim e o Juan, que não costumam reclamar de técnico
algum, tinham um pé atrás com o Cuca. Ele se complicou muito –
disse um jogador, que pediu para não se identificar.
No último dia, Adriano pediu a palavra na reunião para criticar
as ações do treinador. Em vez de emoção e lamentos na despedida,
a indiferença predominou. Os jogadores não o abraçaram. Apenas
acenaram de longe e encerraram uma relação de aparências.
REALMENTE PROVAS QUE TEM MUITA COISA QUE SE TEM DEBAIXO DOS PANOS... TRISTE VER UM CLUBE GRANDE ASSIM E QUE INFELIZMENTE EXISTA TREINADORES DESTE GEITO... E OLHA QUE O CARA NEM ERA EXPLOSIVO COMO BERNARDINHO, MAS QUE SE NUNCA SE OUVE FALAR EM COISAS DESTE TIPO, PELO CONTRÁRIO ELE MOSTRA DENTRO DA QUADRA TRAZENDO TÍTULO, JÁ O CUCA, UM MÍSERO TÍTULO...!!!!!!!!